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quinta-feira, 19 de julho de 2018

A cozinha do amor 😊❤

Eu gosto de cozinhar, eu gosto muito de cozinhar. Mas isso não quer dizer que eu cozinhe muito bem, apenas que cozinhar me relaxa e que um dos meus grandes desafios é conseguir que a malta lá de casa goste da comida que eu preparo. Eu adoro ver programas de culinária, mas não gosto dos concursos de culinária, porque me fazem sentir que cozinhar não é para todos e que é preciso gostar de comer (e ter orçamento para) aqueles ingredientes todos e que quem utiliza abaixo disso, não é considerado sequer. Eu cresci a adorar o cheiro do esturgido e a ver uma pessoa incrível, que nunca foi à escola, com pouco mais de 1,40 m de altura a preparar comidas incríveis com o que tinha no frigorífico e a ouvir histórias hercúleas sobre a sua versatilidade culinária no tempo em que eram 8 bocas à mesa para alimentar e um orçamento muito reduzido. A pessoa que eu quero ser para me sentir realizada, quer viver devagar, de forma simples e sustentável, estar mais tempo com os filhos e comprar o mínimo de alimentos preparados. Para que um dia eles se lembrem de quando esticavam a massa dos biscoitos com a mãe, havia sempre um bolo ou um pão caseiro e em cima da cadeira mexiam com a colher de pau a comida no tacho ao lume. Que a mãe fazia coisas que eles não gostavam, mas também fazia outras que eles gostavam muito, ou então que um gostava e o outro não. E que fazia coisas para eles levarem para a escola. E o pai, o pai era o mestre do churrasco. E que a partir de determinado momento, o pai e a mãe passaram a não usar quase plástico algum e que todos colaboramos para melhorar a vida no nosso planeta, embora às vezes não fosse muito fácil abdicar de algumas coisas.
Para cada família, cozinhar, estar à mesa ou conviver, funciona de uma maneira muito própria, com as suas ementas, as suas formas de estar, não cabe numa caixinha, o importante é que seja congruente com o que cada um sente, o que importa é ser autêntico. Hoje passei a ferro antes de vir trabalhar e eu odeio passar a ferro, embora eu saiba que todas as tarefas domésticas e as rotinas são gestos de amor, sentimo-nos bem quando cuidamos do lugar onde estamos. De todas as tarefas domésticas, a que eu vou gostar sempre mais é cozinhar.  Cozinhar é aquela tarefa que me conecta com essa pessoa incrível que me transmitiu um conhecimento precioso e eu não sabia, mas à medida que envelheço, vai surgindo na minha cabeça e no meu coração, quais trunfos guardados para um dia eu usar, quando ela já cá não estivesse fisicamente. Claro que eu nunca vou conseguir fazer aquele cabrito assado ou os estufados com pão torrado, mas mesmo cozinhando ementas diferentes, dentro de mim sempre está a Ângela pequenina a pedir para mexer o arroz ou a suspirar pelo cheirinho que vinha da cozinha. Que quando perguntava o que era o jantar ouvia um: "Olha, línguas de perguntador!". Cozinhar vai ser sempre a cena que me conecta com essa pessoa incrível, a minha avó materna.❤

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